domingo, 25 de abril de 2010

Brasília: cidade dos sonhos


Brasília é a cidade incapaz de abraçar os homens que a ergueram. É a cidade dos sonhos: não só para quem a projetou, mas também para os que deixaram suas terras e seguiram rumo ao nada, cheios de esperança.

No entanto, ao abrirem os olhos, uns encontraram suas casas; outros, o fim do trabalho, o fim do pão, o fim de sua utilidade: o nada, o adeus - sem promessas.

Marco Polo, em “As cidade invisíveis” - de Italo Calvino -, conversa com Kublai Khan sobre as cidades que visitou. Certa vez, “descreve uma ponte, pedra por pedra:
- Mas qual é a pedra que sustenta a ponte? – pergunta Kublai Khan.
- A ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra - responde Marco -, mas pela curva do arco que estas formam.
Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta:
- Por que falar das pedras? Só o arco me interessa.
Polo responde:
- Sem pedras o arco não existe."



Trecho do documentário "Brasília: contradições de uma cidade nova", de Joaquim Pedro de Andrade (cineasta, diretor de Macunaíma), que, contratado para fazer um curta institucional, encontrou, já em 1965, apenas um terço dos habitante do DF morando no plano piloto de Brasília.

5 comentários:

  1. Que adoro teu estilo, não há mais por que repetir. Mas, como tu vive dando pinta no meu blog pra me sacanear, não posso resistir:

    Posso saber por que o velho que projetou essa maquete gigante mora na Zona Sul do Rio de Janeiro e tem um ateliê de cara pra Atlântica? Humpf.

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  2. e será que dá pra abolir essas letrinhas que a gente tem que digitar pra comentar aqui? tem jeito, mané, eu juro. isso, pra quem tem mais de 40 e usa óculos multifocais diante do computador, é infernal. pronto, falei. gradicida.

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  3. Obrigado!
    O velho é um artista, não tem jeito: foi chamado para fazer o projeto e fez o que fez. O problema - e é o que ressalto no texto - é que as pessoas que meteram a mão na massa para erguer as curvas geniais dele acabaram sobrando. Enquanto tá todo mundo batendo palmas para o aniversário, eu tô criticando Brasília. A pessoas só veem o arco, esquecem das pedras que o sustentam.

    Ah, pode deixar que vou ver o negócio das letrinhas. Não sabia que era esse sacrifício todo, não... rsrs

    Beijos

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  4. Muito bons os dois textos.
    Bjs
    Mônica

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  5. Valeu, Mônica. As cidades invisíveis de Calvino é incrível...

    Beijos

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