quinta-feira, 20 de maio de 2010

Quincas Berro Dágua

Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de Jorge Amado e especialmente de sua novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. Tenho inclusive duas edições dela: uma com um interessante prefácio do Vinicius de Moraes e outra na qual, além dessa novela, há ainda Capitão-de-longo-curso, outra deliciosa história do saudoso baiano.

Há algum tempo me avisaram que o livro ia virar filme; hoje, para minha surpresa e alegria, descobri que estréia amanhã no cinema. Sem dúvida, a trama já valeria a ida ao cinema; mas me aparece (apesar de não ter visto uma cena do filme - só vi o trailer depois de escrever) que há outros bons motivos para assistir à comédia: Paulo José "encarna" o morto mais vivo já visto nas ruas de Salvador e Marieta Severo, a sua amada.

Nas palavras do narrador, "Quincas [é] um recordista da morte, um campeão do falecimento", visto que morreu três vezes: a primeira morte foi moral (quando Quincas Berro Dágua se libertou do que restava do Sr. Joaquim Soares da Cunha); a segunda, a atestada pelo médico, pela manhã (defendida pela família como a verdadeira); e a terceira, a da noite, na qual Berro Dágua, "por livre e espontânea vontade," decidiu partir, dizendo (atenção às suas derradeiras palavras):

- "Me enterro como entender na hora que resolver. Podem guardar meu caixão pra melhor ocasião. Não vou me deixar prender em cova rasa no chão!"

Para os que acreditam que a morte é o fim, o filme é obrigatório. Talvez Quincas tenha "vivido" muito mais na sua última noite do que muita gente em toda a vida.

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