A grande mídia não discutiu a realização da Copa. Não como
deveria. A Copa nos trará investimentos e desenvolvimento, dizem
quase todos. No entanto, até agora o investimento não veio de fora;
pelo contrário, nosso dinheiro, verba pública, tem sido utilizado
para cumprir as exigências - essas, sim, de fora.
O dinheiro, na verdade, é nosso. Deixamos de pagar melhor a nossos
professores e médicos e gastamos com circo, ressaltando-se que o
picadeiro renderá frutos aos supostos investidores, que exibirão
suas marcas nas camisas dos jogadores e às bordas dos campos.
Muitos não sabem, mas a experiência da África do Sul foi negativa: hoje,
alguns dos estádios, que consumiram dinheiro público, apodrecem.
A
experiência com os Jogos Pan-Americanos de 2007, aqui no Rio, também
não foi das melhores, principalmente pelo modo como foram realizadas
as obras: no fim do prazo, deixando de lado as licitações.
Já defendi a estatização da seleção brasileira, com a consequente
democratização da escolha de seus membros (diretas
já!). Diante da crise de representatividade, creio que
gastos como o da Copa e das Olimpíadas deveriam passar pelas urnas;
não sem antes verificar, com efetiva transparência, quanto o Estado
gastará com isso. Digo "gasto" porque o termo
"investimento" soa falacioso.
Quem
paga a Copa? E quem lucra com a festa?
Vale
a pena conferir o que diz Andrew Jennings, jornalista da BBC:
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para a entrevista