quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Obscuro horizonte"

“É estupendo! Quando cheguei aqui e contemplei, da colina, esse formoso vale, fui atraído por ele por todas as formas e com um irresistível encanto... Lá embaixo, o pequeno bosque... 'Ah! Se eu pudesse abrigar-me a sua sombra!...' Lá em cima, o cume da montanha... 'Ah! Se eu pudesse contemplar dali a paisagem enorme...' E as colinas encadeadas entre si, e os vales discretos... 'Oh! Se eu pudesse me perder neles!' Corria até lá e voltava, sem haver encontrado o que esperava. Acontece com o futuro o mesmo que com as coisas que estão longe. Um imenso, obscuro horizonte se estende diante de nossa alma; perdem-se nele nossos sentimentos, bem como nossos olhares, e ardemos, sim!, do desejo de dar tudo o que somos para saborear plenamente as delícias de um sentimento único, enorme, sublime... E quando chegamos lá, quando o distante se tornou aqui, tudo é o mesmo que antes – continuamos na miséria, em nossa esfera restrita, e nossa alma suspira pela ventura que lhe escapou.”

GOETHE, Johann Wolfgang. Os sofrimentos do jovem Werther / Johann Wolfgang Goethe; tradução de Leonardo César Lack. São paulo: Abril, 2010. P. 39 (Carta de 21 de julho).

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