Além
da originalidade dos roteiros, em especial o de Memento/Amnésia
(idas e vindas na narrativa que exigem atenção), o espectador é
colocado na condição do protagonista, na pele dele, e pode demorar
a se dar conta disso.
Não
há uma câmera na nuca do personagem principal; ele até pode narrar
alguns trechos, mas não é uma narrativa em primeira pessoa comum. É
como se você visse, vivesse e percebesse o mundo através dele, na
mesma condição peculiar que o marca - nos longas, uma condição
mental distinta.
Para
evitar spoilers, digo apenas que, em Memento, o protagonista tem uma
espécie de amnésia em que não consegue reter as memórias recentes
e o roteiro foi construído em cima dessa condição, colocando-nos
como o personagem, meio que perdidos entre um passado distante que é
lembrado, memórias mais recentes que se esvaem e confusão sobre as
outras personagens e os fatos, além de uma narrativa linear, em
preto e branco, contando uma história paralela e complementar, que
se mistura à vida do protagonista.
Já
em Uma Mente Brilhante, fica complicado contar alguma coisa sem
revelar a trama e certas surpresas importantes para a narrativa do
longa. Sem perceber, o espectador é colocado na pele do
protagonista, e o roteiro é incrível, embora menos chocante que o de Memento, que insiste na inversão em vários sentidos.
Vale
a pena conferir os dois longas, que tiveram sucesso de público
e de crítica.