No
mais recente longa de M. Scorsese, o espectador, inicialmente, é
levado, num plano sequência interessante, até o narrador, já idoso
e cheio de lembranças, que vai contar sua vida, como chegou até
ali. É aí que a narrativa dá um primeiro pulo ao passado (como se
voltasse ao “meio da história”), destacando uma viagem de carro
de dois casais para um casamento.
E,
ao falar dessa viagem ao casamento que é revisitada durante todo o
filme, o narrador fala sobre um passado mais distante, explicando
como ele se envolveu com as pessoas que mudaram sua vida, inclusive
(e principalmente) do cara que está viajando com ele para o tal
casório da filha de um dos personagens da trama.
O
mais interessante é que o filme começa no presente (idoso narrador
que se encontra numa espécie de casa de repouso), volta à viagem
dos casais, regride mais no tempo, falando das origens, e vai
intercalando, às vezes voltando ao presente, outras tratando do
“meio” (viagem ao casamento) e também narrando como se deu seu
envolvimento com certas pessoas e atividades - tudo isso num roteiro
incrível, que, lá na frente, mostra o que houve de relevante no
trajeto até a celebração do matrimônio.
O
senhor, “ex-pintor de paredes”, faz vários flashbacks e
flashforwards, indo, vindo, voltando e adiantando, até fechar a
história, de modo muito bem construído, encaixando-se
perfeitamente.
Outro
filme que merece destaque na manipulação do tempo é Pulp Fiction
(Q. Tarantino, 1994), em que a primeira cena é retomada no final,
depois de algumas
ramificações
envolvendo núcleos de personagens diferentes, mas que se interligam de alguma forma. Obra-prima que ganhou
o Oscar de melhor roteiro original. Ficam as indicações dos longas,
que além da originalidade narrativa, são filmes incríveis.
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