No
filme “Coringa” (Todd
Phillips,
2019),
em
uma
das
cenas
que
mostra o caderno de anotações pessoais de Arthur
Fleck (Coringa)
-, há uma frase que diz: “a pior
parte de ter uma doença mental é que as pessoas esperam que você
se comporte como se não tivesse”. Não
só por esta frase, mas também por muitas situações envolvendo o
personagem, revela-se a psicofobia. E o que é isso?
Pra
resumir, é o
preconceito em relação às pessoas com transtornos ou doenças
mentais. No longa, Fleck sofre
com gargalhadas dissonantes dos seus sentimentos, sobre as quais não
tem controle, e
as explica
como consequência de uma condição médica num cartão que entrega
a seus interlocutores. Também
sofre com pensamentos ruins muito frequentes, toma remédios
psiquiátricos, é bastante solitário e geralmente visto como
esquisitão. Tudo isso parece contribuir para despertar
o Coringa, que acaba se vingando, violentamente, de algumas
personagens que foram psicofóbicas com ele.
No
entanto, esta reação agressiva do vilão de HQ em relação a
preconceituosos parece se distanciar do acontece na maioria das vezes
no mundo real, porque há estatísticas indicando que 93% das pessoas
com doenças psiquiátricas não são violentas e que umas das
principais consequências da psicofobia são o isolamento do paciente
e a dificuldade para buscar tratamento adequado e permanecer nele.
Quando
alguém diz
que
“depressão é frescura”, “terapia é coisa de maluco”, age
com desrespeito ou agressividade, apresentando medo
infundado, atitudes de discriminação, criticando
quem usa remédios psiquiátricos, chamando
pacientes de loucos etc., causa impacto direto nas pessoas que apresentam quadros desta natureza.
Como
no filme, a realidade está marcada pela psicofobia, que reforça os
estigmas e os tabus relacionados às doenças da mente. Se a trama do
longa não for suficiente pra (re)pensar o assunto, dê uma chance ao
discurso do Joaquim Phoenix no Oscar, ao receber o prêmio de melhor
ator, por Coringa. Ficção e vida se entrelaçam indicando
outros caminhos...
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